Eu tenho uma certa dificuldade em terminar projetos. A conclusão costuma ser a parte mais difícil depois do início. É quase como o que o Renato faz comigo. Molha, molha, molha, mas nunca chega nos finalmentes. Como eu queria dizer um “FINALMENTE”. Eu dei o passo inicial e agora tô aí, seguindo o caminho sem rumo, sem saber qual o destino final. Me falta ânimo pra definir onde quero chegar, o que quero fazer. A facilidade que o Renato me trás é que ele sempre vai tá ali. É um caminho que não se fecha e que eu posso sempre achar.
Nós saímos pra caminhar e ele segurou minha mão. O toque durou segundos, mas foi o suficiente pra encher meu peito. Nós sorrimos desconcertados, brincamos e mudamos de assunto, como se não fosse nada. Por dentro estou pulando, mas por fora me seguro. Seguimos andando sem saber onde chegar e não nos tocamos mais até o ponto em que nos separamos. Ele se despede de mim com um abraço forte, palavras carinhosas e um olhar risonho. É engraçado como Renato me molha de afeto da mesma forma como eu molho meus afazeres com atenção.
Tem coisas que eu pego pra fazer e vou deixando pelo caminho. Às vezes volto e continuo de onde parei. E aí vou seguindo de etapa em etapa. Tipo o saco de lixo, que eu coloco pra fora de casa por etapas ao longo de 3 dias. No primeiro, eu tiro da lixeira, no segundo deixo no quintal, no terceiro eu levo pra rua. Ou tipo quando vou guardar as roupas que estão no varal. No primeiro dia eu tiro as roupas do varal e coloco na cama, no segundo eu dobro as roupas, e no terceiro eu guardo. Início, meio, fim.
Às vezes tenho medo do fim e prefiro não vê-lo. Desisto na metade da história. Por isso que esse meu lance com o Renato, que não é bem um lance, é bom. Não parece que vai ter fim. É aquela coisa que tá ali, tá cozinhando em banho-maria, não tem reviravolta, não tem pico, não tem drama, não tem conclusão, sabe? Aí eu olho pra ele meio assim… de longe. Não tem muito o que fazer, só observar. Mas pelo menos os abraços são bons.
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